Paloma Pegolo de Albuquerque
Maria Amélia Almeida
Resumo
Professores da educação especial costumam enfrentar dificuldades
em sala de aula com a questão da sexualidade. O objetivo deste estudo
foi planejar, aplicar e avaliar um programa de intervenção (curso) para
21 professores de jovens com deficiência intelectual de uma escola
especial em uma cidade do interior de São Paulo. O curso durou dois
meses e teve caráter teórico e prático, com discussões, dinâmicas de
grupo, atividades de role-playing e de resolução de problemas, filmes e
também uma atividade prática em sala de aula. Por meio de uma avaliação
sobre o curso e de entrevistas, perceberam-se algumas mudanças na
forma de os professores interagirem com os alunos quando o tema era a
sexualidade, além de reflexões sobre a questão e revisão de sua postura
como educadores sexuais.
Palavras-chave: educação especial; deficiência intelectual;
sexualidade; capacitação de professores.
ESTUDOS RBEP
Paloma Pegolo de Albuquerque
Maria Amélia Almeida
Sexualidade e deficiência
intelectual: um curso de capacitação
para professores
- bras. Est. pedag., Brasília, v. 91, n. 228, p. 408-423, maio/ago. 2010.
Abstract
Sexuality and intellectual disabilities: a training course for teachers
Special education teachers often face difficulties in the classroom with
the issue of sexuality. The aim of this study was to plan, implement and
evaluate an intervention program (course) for 21 teachers of young people
with intellectual disabilities from a special school in a town in the interior
of the State of São Paulo. The course has lasted two months and has got
a theoretical and practical aspect, with discussions, group dynamics, roleplaying
and problem solving activities, movies and also a practical activity
in the classroom. By means of an evaluation of the course and interviews,
we noticed changes in the way teachers interact with students when the
topic was sexuality, reflections on the issue, and review of teachers position
as sex educators.
Keywords: special education; intellectual disability; sexuality;
teachers training.
Introdução
Atualmente, a perspectiva da inclusão social exige uma nova postura
diante da pessoa com deficiência intelectual, considerando suas potencialidades
e resgatando seus direitos. A inclusão é mais do que a inserção
de pessoas com deficiência na sociedade, é uma postura de aceitação e
respeito pelas diferenças. Refere-se à oportunidade de vivência plena
em diversos contextos – escolar, familiar, mercado de trabalho, lazer – e
deve acontecer em todos os âmbitos, dando as mesmas oportunidades
às pessoas com deficiência, permitindo um acesso irrestrito a todas as
instituições e aos papéis sociais. Isso inclui também a oportunidade de
vivenciar a sexualidade.
A sexualidade vai além dos aspectos biológicos e genitais e não se
resume simplesmente ao ato sexual. De acordo com Denari (2002), referese
às formas de sentir, pensar e agir, que são aspectos imprescindíveis
ao entendimento do ser humano em todas as suas dimensões. Pode-se
entender, portanto, sexualidade como amor, afetividade, busca de prazer
e também genitalidade, como afirmam Dias et al. (1995), situando-a
sempre no contexto do relacionamento, do prazer e da responsabilidade
(Glat, Freitas, 2002).
Em vários âmbitos da sociedade, há dificuldade para falar e lidar com
a questão da sexualidade, apesar dos avanços existentes com o passar do
tempo. Segundo Chauí (1985), o sexo é encarado por diferentes sociedades
como algo complicado e perigoso. Assim, há diferentes formas de
Sexualidade e deficiência intelectual: um curso de capacitação para professores
- bras.
se lidar com o tema: por meio da educação sexual, do silêncio e da não
orientação ou da repressão.
A sexualidade é um tema polêmico que desperta dificuldades àqueles
que cotidianamente se defrontam com essa questão, como os professores,
por exemplo. Quando são professores de jovens com deficiência intelectual,
o desafio parece ser ainda maior, como mostram diversas pesquisas
(Dall’Alba, 1992; Denari, 2002; Glat, Freitas, 2002; Giulio (2003); Maia,
Aranha, 2005; Plunkett et al., 2002; Ribeiro, Nepomuceno, 1992).
Segundo França Ribeiro (2001), os professores não estão tendo a
preparação necessária para atuarem na área da sexualidade humana e
nem sempre têm consciência de que, mesmo sem a realização de nenhuma
atividade específica, estão atuando como educadores sexuais. No
mesmo sentido, Figueiró (2004, p. 124) afirma que “a sexualidade é uma
das questões que mais tem trazido dificuldades, problemas e desafios aos
educadores, no seu trabalho cotidiano de ensinar”.
De acordo com os estudos de Giami (2004), nota-se que mesmo
os profissionais não estão imunes a crenças inadequadas acerca da sexualidade
e da deficiência. A percepção de muitos profissionais sobre a
sexualidade de seus alunos se alterna: por um lado, eles são considerados
sexualmente infantis ou assexuados e, por outro, sexualmente agressivos e
sem controle. O estereótipo da pessoa com deficiência como sexualmente
agressiva ou assexuada é uma extensão da visão popular do deficiente
como um ser “demoníaco” ou “eterna criança”. O autor ainda coloca que,
apesar das diferentes crenças, há um fundamento único, que é a negação
da sexualidade.
O funcionamento intelectual subnormal não significa que as pessoas
com deficiência intelectual não são capazes de ter uma conduta sexual
compatível com exigências sociais, elas podem, sim, aprender a exprimir
seu desejo de forma socialmente aceita, desde que sejam orientadas dentro
de seu nível cognitivo, de maneira que possam assimilar os conhecimentos
(Glat, Freitas, 2002; Gherpelli, 1995; Facion, 1990).
O que muitas vezes falta aos jovens com deficiência intelectual é
um processo efetivo de educação/orientação sexual. Se eles não recebem
essas orientações adequadas, acabam tendo poucas oportunidades para
aprendê-las de fontes usuais, pois as pessoas com deficiência geralmente
não têm as mesmas chances para descobrir sobre sexualidade com
seus pares, falar livremente com os amigos sobre sexo e acabam não
podendo aprender sobre um aspecto vital do desenvolvimento (Behi,
Behi, 1987).
A própria autora percebeu, em entrevistas realizadas anteriormente
com a população de professores de jovens com deficiência intelectual,
muitas dificuldades relacionadas à questão da sexualidade, como o não
reconhecimento das necessidades e dos desejos sexuais e afetivos desses
jovens; crenças inadequadas e preconceitos acerca do tema, que influenciavam
a prática docente; ausência de orientação dada aos alunos devido
à dificuldade de dialogar sobre a questão; e confusão quanto ao papel de
orientadores sexuais.
Paloma Pegolo de Albuquerque
Maria Amélia Almeida
R.
Diversos estudos com professores e profissionais que trabalham
com pessoas com deficiência intelectual apontam para a importância de
programas de intervenção em orientação sexual para essa população,
pois parecem existir, ainda, dificuldades nessa área. São necessárias novas
investigações que apontem as dificuldades específicas e as possíveis
falhas no sistema de formação desses profissionais.
Glat (2005) aponta que tanto as escolas regulares quanto as
instituições
e as escolas especiais têm que considerar a orientação sexual
como prioridade programática. Ainda se faz necessário, segundo a autora,
a realização de estudos e investigações mais amplas referentes ao desenvolvimento
de programas de orientação dos jovens e de suas famílias.
Denari (1997) complementa ao afirmar que há necessidade de orientação
às famílias e à instituição quanto à forma de lidar com a sexualidade do
adolescente com deficiência intelectual, algo também recomendado por
Maia (2006, p. 243): “para que a orientação sexual oferecida aos alunos
seja efetiva, é necessário oferecê-la antes aos profissionais e à família e
refletir sobre seus objetivos”.
Diante dessas necessidades apontadas pela literatura e pela vivência
da própria pesquisadora, julgou-se importante a realização de um programa
de intervenção relacionado ao tema, buscando-se a capacitação docente
por meio do maior preparo e de informação para lidar com os alunos e,
assim, incentivando o desenvolvimento global desses indivíduos.
O objetivo deste trabalho foi planejar, aplicar e avaliar um programa
de intervenção sobre orientação sexual (curso) para professores de jovens
com deficiência intelectual.
Curso Sexualidade e deficiência intelectual
Participaram do curso 21 professores de jovens com deficiência
intelectual.
Apenas um dos participantes era do sexo masculino, e a
média
de idade entre eles era de 39,9 anos. Em relação ao tempo em que
trabalhavam na instituição, a média foi de 10,6 anos.
O estudo foi realizado numa escola especial de uma cidade de médio
porte do interior de São Paulo, sendo utilizado um auditório para a realização
do curso. A escola atende pessoas com deficiência intelectual e
outros tipos de deficiências relacionadas e possuía, na época, 482 alunos
e 65 professores.
Inicialmente, foram realizadas entrevistas com os professores,
utilizando-se um roteiro elaborado pela própria pesquisadora e um termo
de consentimento esclarecido. Os temas abordados sobre as atitudes
em relação à sexualidade foram: mídia; local para se discutir/trabalhar
a sexualidade; necessidades/desejos sexuais de pessoas com deficiência
intelectual; namoro, casamento e paternidade/maternidade na deficiência
intelectual; e facilidade ou não para falar sobre sexualidade. Já os temas
relacionados à forma de lidar com a orientação sexual dos alunos foram:
conversa sobre sexualidade; perguntas sobre sexualidade; interesses
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sexuais; manifestação sexual; dificuldades e problemas relacionados à
sexualidade; masturbação; namoro; casamento; prática de sexo; informações;
educação/orientação sexual; papel na orientação sexual; e a
última questão propunha aos entrevistados que complementassem as
informações, caso quisessem.
Todas as entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas pela
pesquisadora para o levantamento das necessidades dos participantes.
Partiu-se das principais carências e dificuldades dos entrevistados para
a montagem do curso e o estabelecimento de prioridades relativas ao
seu conteúdo.
O curso foi realizado por meio de encontros semanais com duração de
duas horas cada um, resultando em oito encontros (16 horas de duração,
dois meses ao todo). Os encontros tiveram uma parte teórica – exposição
feita pela pesquisadora – e momentos para se trabalhar as dificuldades
e necessidades relatadas pelos participantes, por meio de discussões,
dinâmicas, atividades de role-playing e de resolução de problemas, filmes
e outras.
No primeiro dia, o tema tratado foi “O que é sexualidade” e os objetivos
foram: debater sobre alguns conceitos relacionados à sexualidade; refletir
sobre o tema e sua importância em nosso dia a dia; desmitificar alguns
tabus ligados à sexualidade, situando-a num contexto mais amplo de
relacionamento entre os seres humanos; abordar a sexualidade como um
aspecto natural e positivo da vida; e dar uma visão histórica e social dessa
questão. Inicialmente, foi feito um contrato de sigilo com os participantes
e uma dinâmica de apresentação, passando para uma explanação teórica
feita pela pesquisadora. Em seguida, houve um exercício de reflexão, no
qual foi pedido que os participantes relatassem sobre a orientação sexual
que receberam quando eram adolescentes.
O segundo encontro – “Sexualidade e deficiência intelectual” – teve
como objetivos discutir o conceito de deficiência intelectual, debater a sexualidade
na deficiência intelectual e desmitificar alguns mitos que circundam
a questão. Foi realizada uma dinâmica, na qual os participantes escreviam
seus medos, anseios e preocupações acerca da sexualidade de pessoas
com deficiência intelectual. Em seguida, esses papéis eram sorteados e
lidos em voz alta, relatando-se como se sentiam em relação ao conteúdo.
Posteriormente, deu-se a explanação teórica da pesquisadora.
O terceiro encontro – “O papel da família, da escola e da sociedade
frente à sexualidade de pessoas com deficiência intelectual”– teve como
objetivos explicitar os papéis da escola, da família e da sociedade no
processo de educação/orientação sexual das pessoas com deficiência
intelectual; dar parâmetros de como se comportar em situações diversas
relacionadas à tomada de decisões na educação dos alunos; e refletir sobre
a influência das agências sociais sobre o comportamento e as atitudes
sexuais das pessoas. Além da explanação teórica feita pela pesquisadora,
houve uma atividade de role-playing relacionada ao tema da sexualidade,
na qual os participantes deveriam encenar uma situação envolvendo
professor e aluno.
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O quarto encontro – “Educação e orientação sexual de pessoas com
deficiência intelectual” –, que teve como objetivos discutir a importância da
orientação sexual para as pessoas com deficiência intelectual e apresentar
propostas de conteúdo de programas de orientação sexual, contou com
a explanação teórica da pesquisadora e a realização de uma dinâmica de
continuação de histórias. Essa dinâmica consistia na divisão dos participantes
em dois grupos, cada participante escrevia o início de uma história
sobre a sexualidade na deficiência intelectual, até a pesquisadora pedir
para pararem, quando trocavam os papéis e davam continuidade à história
de outra pessoa. Ao final, as histórias foram lidas e comentadas.
Já o quinto encontro – “Comportamentos sexuais considerados
inadequados”
– teve como objetivos citar os principais comportamentos
sexuais considerados inadequados; debater a funcionalidade desses comportamentos;
dar exemplos de como lidar com eles; e levar os participantes
a refletirem sobre como podem agir diante dessas situações. Nesse dia, foi
realizada uma atividade de reflexão sobre um exemplo de comportamento
sexual inadequado, solicitando-se que os participantes respondessem a
questões sobre uma situação descrita. A atividade foi retomada e discutida
após a explanação teórica da pesquisadora.
O sexto encontro – “Relacionamentos amorosos de pessoas com
deficiência
intelectual” – teve como objetivos refletir sobre os prós e os
contras dos relacionamentos amorosos de pessoas com deficiência intelectual
e dar parâmetros de comportamento de como os participantes
podem agir diante de situações novas com os alunos. Além da explanação
teórica feita pela pesquisadora, foi realizada uma dinâmica sobre opiniões
opostas, na qual os participantes foram divididos em dois grupos e foram
apresentadas duas situações (casamento e paternidade), solicitando-se que
cada grupo assumisse a postura de ser favorável a uma das situações e
contra a outra. Eles deveriam escrever três argumentos e tentar convencer
os integrantes do outro grupo, seguindo-se um debate.
O sétimo encontro – “Relacionamentos amorosos de pessoas com
deficiência intelectual II” – buscou aprofundar a discussão sobre os relacionamentos
amorosos, revisando outros aspectos tratados no curso,
exemplificando, por meio de recursos audiovisuais (televisão, aparelho
de DVD, filmes), situações relacionadas ao tema. Na ocasião, foram apresentados
recortes de dois filmes sobre namoro, casamento e paternidade
de pessoas com deficiência intelectual e, posteriormente, houve uma
discussão sobre os filmes.
O último encontro – “Sexualidade e deficiência intelectual: revisão,
dúvidas e encerramento” – teve como objetivos avaliar os conhecimentos
adquiridos pelos participantes no curso; debater e tirar dúvidas ainda
existentes; e refletir sobre os principais aspectos tratados durante o curso.
Houve uma revisão de todo o conteúdo anterior e, antes do encerramento,
foi entregue aos participantes um questionário de avaliação sobre o curso,
que continha seis perguntas descritivas e tinha o objetivo de levantar a
opinião dos participantes sobre os encontros, os aspectos positivos e os
negativos, bem como sugestões e/ou críticas.
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A respeito da metodologia dos encontros, foi realizada uma exposição
teórica pela pesquisadora todos os dias, exceto nos dois últimos, destinados
à apresentação de filmes e às dúvidas/esclarecimentos. Para tanto, foram
utilizados um retroprojetor e transparências, com o objetivo de tornar a
exposição mais atraente e organizada. Essa metodologia foi julgada interessante
porque economiza tempo e proporciona reflexão e trabalho em
grupo, incentivando a empatia e a identificação.
Por outro lado, foram feitas diversas dinâmicas em grupo e atividades
práticas, algo que foi elogiado pelos participantes e parece ter sido muito
positivo. O objetivo de tais atividades era que os participantes refletissem
sobre tudo aquilo que já havia sido discutido e aplicassem esses saberes
em situações práticas, ajudando a resolver problemas. Além disso, notouse
que esse tipo de atividade incentivava a participação, havendo muitos
relatos de experiência.
Em todos os encontros, foram entregues resumos de uma página com
as informações principais discutidas na semana anterior, para atualizar
aqueles que não haviam comparecido e também servir como revisão a todos,
formando-se uma cartilha sobre sexualidade e deficiência intelectual
ao final do curso.
Ao longo dos encontros, foram distribuídos ainda muitos textos sobre
diversos temas, como deficiência intelectual; sexualidade; sexualidade na
deficiência intelectual; influência da mídia sobre a sexualidade; pais e a
sexualidade; superproteção; escola; adolescência; limites; metodologia
para educação/orientação sexual; masturbação; e aspectos biológicos da
reprodução. Acredita-se que tais materiais tenham sido úteis para os
professores, pois isso foi exteriorizado por muitos deles.
Foram sorteados e entregues brindes ao final de cada encontro, com
o objetivo de incentivar a participação dos presentes. Os brindes foram
basicamente livrinhos infantis de uma coleção sobre sexualidade, assim
como um livro da área de educação especial.
Ao final de todos os encontros, ocorria sempre um momento de
confraternização,
com o oferecimento de bebidas e comidas aos presentes.
Essa estratégia foi tomada por acreditar-se que momentos de lazer são
importantes para o estreitamento dos laços e a realização de conversas
informais, o que pode também ter sido um incentivo a mais para a
participação
dos convidados.
Atividade em classe sobre sexualidade
Com o objetivo de levar os professores a refletirem sobre problemas
e situações específicas de seu cotidiano, assim como contribuir com seu
processo formativo, foi proposto que os docentes realizassem uma atividade
relacionada à orientação sexual em sala de aula com seus alunos e entregassem
um relatório escrito descrevendo como havia sido a experiência.
Para isso, foi discutida durante o curso a importância de trabalhos de
orientação sexual para jovens com deficiência intelectual e apresentadas
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propostas de conteúdo para programas de orientação sexual, enfatizandose
alguns exemplos do que poderia ser trabalhado com os alunos na sala de
aula, as metodologias utilizadas e os cuidados necessários nesse processo,
tendo como objetivo geral o desenvolvimento saudável da sexualidade
(Suplicy et al., 1994; Tepper, 2001; Assumpção Júnior, Sprovieri, 2005;
Giulio, 2003; Glat, Freitas, 2002; Glat 2005).
Ao final do curso, 14 professores entregaram seus relatórios,
demonstrando
que realizaram atividades nas quais discutiram a sexualidade
em sala de aula, sendo que quatro deles aproveitaram dúvidas dos
alunos para iniciar o debate. Os temas das discussões foram: namoro,
diferenças entre os sexos feminino e masculino e dúvidas gerais sobre
sexualidade.
Pôde-se perceber que muitos professores estavam lidando de forma
interessante com o tema da sexualidade: “iniciei a atividade colocando
para os alunos que conversaríamos sobre um tema muito importante,
sexualidade
(…) deixei bem claro que falar sobre tal assunto não era errado
e sim necessário e que gostaria que eles aproveitassem o máximo para
tirar todas as dúvidas” (Professora 2)1 e “no desenvolvimento da aula me
preocupei em falar sobre o assunto sexualidade em um sistema que fosse
facilmente compreendido pelos alunos” (Professora 20).
Alguns utilizaram recursos, como uma coleção de livros sobre
sexualidade
voltados às crianças e aos adolescentes; revistas para recortes
de figuras; folhas para desenho; figuras de homens e mulheres; e dois
bonecos de pano confeccionados pela própria professora, um feminino e
outro masculino.
A maioria dos professores escreveu em seus relatórios que houve
reação
de interesse pelas atividades por parte dos alunos, com apresentação
de dúvidas e perguntas. Os temas dessas perguntas foram variados,
como doenças sexualmente transmissíveis; de que maneira ocorre a gravidez;
desejos sexuais; nome dos órgãos genitais; possíveis malefícios da
masturbação; utilidade da camisinha; e parto.
Foram citados também por seis professoras relatos espontâneos de
experiência por parte dos alunos durante as atividades, nos quais contaram
situações que viveram relacionadas à sexualidade, como demonstra
a Professora 2: “naquela conversa que a gente teve todo mundo falou o
que queria, viram os livros, eles viram que não é uma coisa que é proibida,
né, ficou mais natural (…) coisas que antes eram faladas meio com medo
e agora estão falando mais naturalmente”.
Uma das professoras, inclusive, realizou quatro atividades de forma
contínua e relatou progressos no comportamento dos alunos, pois na primeira
atividade eles escreveram suas dúvidas em papéis sem identificação
e, no decorrer das semanas, passaram a perguntar diretamente para a
professora, gerando um clima acolhedor na sala de aula para debates
acerca dos mais diferentes temas.
As atividades realizadas em classe pelos professores parecem ter
sido muito proveitosas, pois, além de ser um primeiro passo em direção
à implantação da orientação sexual na escola (para muitos, essa foi
1 Serão utilizados números para
resguardar a identidade dos
professores.
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a primeira vez que conversaram sobre sexualidade com seus alunos),
consistiram
num esforço desses professores em aplicar os ensinamentos
e as discussões do curso em suas realidades.
Isso está de acordo com Figueiró (2004), que afirma ser o professor
a figura indicada para deflagrar a orientação sexual na escola, por ele
ser da instituição e conhecer suas carências e potencialidades. Porém, a
autora alerta que para que os professores se apropriem dessa função é
importante receberem formação continuada, processo no qual o professor
vai repensar e refletir sobre sua prática pedagógica, que precisa ter ligação
com problemas e situações específicas que eles enfrentam em sua sala
de aula: “penso que muitos necessitam vivenciar a prática pedagógica
supervisionada do ensino da sexualidade para fortalecerem, em si próprios,
a atitude de reconhecimento e aceitação de que a Educação Sexual
é função da escola” (Figueiró, 2004, p. 140).
Principais efeitos da intervenção
Após três meses, foram feitas entrevistas na própria escola com cada
um dos participantes do curso, contendo questões sobre suas atitudes
em relação à sexualidade e como lidavam com a orientação sexual dada
aos alunos. As entrevistas foram gravadas e transcritas. Além disso, o
questionário final sobre o curso, preenchido pelos participantes no último
encontro, foi analisado.
Os dados obtidos foram ordenados e agrupados conforme núcleos de
sentido comuns e transformados em categorias de análise, seguindo-se a
técnica de análise de conteúdos de Bardin (1977). Foram realizadas análises
qualitativas por meio da percepção da pesquisadora sobre as etapas
da pesquisa, das atividades advindas da intervenção e principalmente da
discussão com a literatura.
A avaliação geral foi favorável na maior parte dos encontros, e podese
perceber que muitos participantes relataram terem gostado do curso:
“muito bom e deveria se estender a todos que de forma direta ou indireta
trabalhem com pessoas especiais” (Professora 21). Foram sugeridos por
diversos professores novos trabalhos na instituição para discutir assuntos
importantes relacionados ao cotidiano escolar, como demonstram as
verbalizações seguintes: “pelo tema ser muito abrangente e no decorrer
do tempo ocorrerem fatos que nos trazem dúvidas e dificuldades, outros
encontros como estes deveriam ocorrer” (Professora 21) e “deveríamos ter
mais participação de grupos de pesquisa na escola” (Professora 15).
Percebeu-se que muitos professores tiveram benefícios com a
participação
no curso e apresentam agora mais condições para lidar com
a sexualidade em sala de aula, como explicita a Professora 13: “os alunos
gostaram da aula e foram bem participativos, e sempre que surgirem
dúvidas estarei informando e ensinando adequadamente”.
Diversas questões foram consideradas aspectos positivos pelos
professores,
como o enriquecimento teórico: “tem coisas que você passou
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que esclareceu as dúvidas, ajuda a gente até a ficar mais solta para falar
com eles” (Professora 9) e “não tivemos determinadas orientações que
nós estamos tendo agora e isso foi positivo para que a gente aprendesse
também para poder passar para as crianças” (Professora 3).
Da mesma forma, Plunkett et al. (2002) perceberam um aumento
do grau de conhecimento sobre sexualidade e deficiência de cuidadores
de pessoas com deficiência intelectual após frequentarem um programa
de educação sexual.
Foi percebida também a troca de experiências e de ideias entre os
professores participantes do curso: “às vezes você vê um problema dentro
da sua sala que o outro professor conseguiu resolver de outra maneira,
você pega aquela ideia” (Professora 2); assim como a abertura de um
espaço para se trabalhar a sexualidade: “deixou que o professor pode
sim conversar, que é uma coisa natural! Acho que deixou a gente mais
aliviado!” (Professora 2); e a ajuda no cotidiano da escola.
Foram apresentados diversos aspectos que podem sugerir mudanças
na forma de encarar e de lidar com a sexualidade na deficiência intelectual,
como a mudança de visão sobre a sexualidade e da forma de encará-la
(mais naturalidade): “consigo encarar com mais naturalidade determinados
assuntos em sala de aula, coisa que antes me descabelava só de
pensar” (Professora 19). Muitos professores passaram a apresentar uma
mudança de reação perante as manifestações sexuais por parte dos alunos,
pois antes apresentavam uma postura de punição ou omissão e passaram
a orientar: “observei melhor os problemas que os alunos apresentaram e
procurei solucionar através de conversas e orientações” (Professora 1).
Também foram notadas a quebra de tabus e a perda do medo e da
timidez de trabalhar com o tema da sexualidade: “acho que já quebrou
um pouco aquele tabu que a gente tem de não querer falar, de se sentir
envergonhada! (…) aprender a lidar com essas questões sem preconceitos”
(Professora 15) e “me sinto mais segura em trabalhar com as questões
em sala de aula” (Professora 16); assim como a visualização da possibilidade
do estabelecimento de relacionamentos afetivos e amorosos na
deficiência intelectual: “eles têm todos os direitos, tanto quanto a gente”
(Professora 12).
Outros aspectos que sugerem mudanças foram o despertar para o
tema da sexualidade e a atenção às manifestações dos alunos relacionadas:
“eu não reparava tanto nesses pitis do E.;2 depois que eu comecei a fazer o
curso eu comecei a reparar que era uma necessidade que ele tem que não
consegue se expressar, eu comecei a enxergar o E.!” (Professora 12).
Destacam-se alguns professores que anteriormente haviam afirmado
não conversarem com seus alunos sobre sexualidade e relataram na entrevista
final que passaram a conversar, como demonstra a Professora 1:
“antigamente, eu falava quando eu tinha chance, às vezes tinha algo que
passava; agora não, eu não deixo passar, eu aproveito o embalo, então
agora eu presto mais atenção para aproveitar mais”.
Além disso, também aumentou o número de professores afirmando
que depois do curso seus alunos estavam fazendo perguntas sobre
2 O uso da inicial E. é para preservar
a identidade do aluno.
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sexualidade. Isso está de acordo com Figueiró (2004), que afirmou ser a
manifestação da sexualidade dos alunos no espaço escolar cada vez mais
comum, e eles, direta ou indiretamente, demonstram aos professores que
precisam e desejam ouvir e falar sobre sexo.
Outra indicação de mudança foi o despertar do professor para seu
papel na educação e orientação sexual dos alunos, pois muitos professores
afirmaram que antes do curso preferiam fazer encaminhamentos de seus
alunos a outros profissionais: “eu não ficava abordando, só quando me
perguntavam, mas hoje em dia, com a conversa, eu vi que existe a necessidade
de se falar, não dá para deixar para o outro, é necessário que
eu mesma faça alguma coisa” (Professora 11).
Por fim, foi destacado o aumento do preparo para lidar com situações
que surgem em sala de aula relacionadas à sexualidade: “teve esse meu
aluno, foi depois do curso, dele vir me perguntar, estava beijando a menina,
estava sentindo algumas coisas, se era normal; e se não fosse o curso eu
não iria saber responder para ele” (Professora 18).
Essas mudanças estão de acordo com as descritas na literatura.
Brantlinger (1983), após realizar um workshop sobre sexualidade e deficiência
para pessoas próximas a indivíduos com deficiência intelectual,
como pais e profissionais, percebeu que o treinamento, apesar de suas
limitações, foi efetivo para produzir mudanças de atitudes nessas pessoas,
de forma que elas passaram a aceitar melhor a sexualidade na deficiência
intelectual.
Figueiró (2004) também realizou um trabalho de formação de
orientadores
sexuais com professores e percebeu que houve valorização
profissional e percepção de mudanças nas pequenas atitudes destas
educadoras, estando mais dispostas a agirem frente à temática da
sexualidade.
De forma geral, apesar de diversos ganhos advindos do curso
“Sexualidade e deficiência intelectual” e do fato de os professores terem
tido uma chance de debater temas e refletir sobre suas práticas educativas,
muitos ainda permanecem inseguros e apresentam medos relacionados
ao tema da sexualidade. Isso se reflete na forma de lidar com a questão.
Ainda se mostra presente, embora em menor intensidade, o medo dos
professores de enfrentarem a escola e a família de seus alunos, caso discutam
a sexualidade em sala de aula, como explicita a Professora 17 ao
referir-se a sua atividade em classe: “houve interesse dos alunos quando
comecei a falar com eles, mas sinto dificuldade, não por vergonha, mas
por insegurança, com medo de falar alguma coisa que os pais ou a escola
pudessem ir contra”.
Pode ser que esses medos sejam uma “desculpa” para não assumirem
responsabilidades, talvez até porque eles já se sintam sobrecarregados
por suas atividades, desvalorizados e despreparados. Isso já foi observado
por vários autores, como Dall’Alba (1992), Ribeiro (2001), Freitas (1996) e
Maia e Aranha (2005), os quais constataram que os professores de pessoas
com deficiência intelectual não recebem uma formação completa que
possibilite a eles tornarem-se orientadores sexuais adequados.
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Também foram encontradas algumas dificuldades na realização do
curso, como as faltas (a média de participantes nos encontros foi de 12,8)
e as desistências, o que gerou uma certa instabilidade no grupo e dificuldade
para programação de atividades que exigiam um número mínimo de
pessoas para serem bem sucedidas. Essas faltas podem indicar algumas
hipóteses e reflexões, como o fato de os professores não considerarem a
sexualidade dos alunos algo importante, preferindo ignorá-la e continuar
tratando os alunos como eternas crianças, conforme apontam Giami (2004)
e Glat e Freitas (2002), entre outros.
Parece haver uma dificuldade específica de alguns participantes
em lidar com o tema da sexualidade, independentemente de estar associado
com a questão da deficiência intelectual, o que pode complicar a
participação
deles em um curso desse feitio.
Pode-se considerar, a partir da reduzida presença, um provável medo
dos participantes em estabelecer mudanças em suas formas de educar.
Alguns podem preferir continuar agindo do mesmo jeito porque mudar
exige sacrifícios, autoanálise e revisão da própria postura. Alguns professores
estão há mais de 30 anos na instituição e não mudaram suas
práticas pedagógicas.
Essas dificuldades já foram apontadas na literatura, como demonstra
Figueiró (2004), que também percebeu, ao final do seu trabalho feito
com professores, que poucos continuaram realizando projetos formais e
sistematizados em suas salas de aula, o que demonstra a complexidade
de implantação de programas de orientação sexual nas escolas de forma
isolada.
Algumas conclusões
Mediante as verbalizações informais dos participantes, a impressão
da pesquisadora, a análise da avaliação sobre o curso e as entrevistas,
percebeu-se que a participação no grupo fez com que os professores
refletissem sobre a questão da sexualidade na deficiência intelectual e,
especificamente, sobre seus alunos, e isso os levou a uma revisão de sua
postura como educadores sexuais. Perceberam-se algumas mudanças
entre os professores na forma de interagir com os alunos quando o tema
era a sexualidade, sendo que alguns passaram a implementar discussões
regulares em sala de aula sobre a questão.
De todas as indicações de mudanças, em geral, os professores
parecem
ter adquirido uma maior compreensão da complexidade da
questão da sexualidade e de sua importância na vida das pessoas com
deficiência intelectual, com uma atenção e respeito maior por seus interesses
sexuais e afetivos. Há indícios de um aumento da segurança e
do preparo para lidar com o tema e de um questionamento do papel de
docente frente a esse processo. Esses aspectos reunidos parecem refletir
na melhoria da disposição dos professores frente às demandas dos
alunos em sala de aula, como foi percebido, por exemplo, pelo aumento
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de diálogo professor-aluno e das perguntas referentes à sexualidade
por parte dos jovens. Além disso, foram percebidas algumas mudanças
de comportamento referentes à orientação sexual, como o aumento do
diálogo sobre sexualidade.
Entretanto, todas as dificuldades dos professores apresentadas
anteriormente
– principalmente a dificuldade de preparação dos alunos
para uma vivência inclusiva na sociedade, em relação à sexualidade –
levam
em consideração que somente um curso parece pouco para mudar
a rotina dos professores no que se refere tanto a suas opiniões sobre a
sexualidade na deficiência intelectual quanto às atitudes e, principalmente,
aos comportamentos de orientação sexual. Como aponta Werebe (1998), a
orientação sexual não é uma panaceia e não irá resolver todos os problemas
daqueles que a recebem, ela é sim um primeiro passo na implantação de
mudanças reais e consistentes.
Isso demonstra que o fato de ter dificuldades em falar sobre sexo é
algo que não muda só com a participação em um curso, pois ele garante
principalmente a informação teórica, mas a mudança de comportamento
é algo que envolve diversas variáveis, como a educação sexual recebida
ao longo da vida e os valores pessoais. De acordo com Figueiró (2004), o
professor, como indivíduo, carrega consigo inseguranças, dúvidas, desconhecimentos,
tabus e medos, frutos de sua própria história e educação
sexual precária. E tudo isso influenciará a facilidade ou não para abordar
a questão da sexualidade, a predisposição para imprimir mudanças nos
comportamentos de orientação sexual e até na persistência frente às
dificuldades desse processo.
Recomenda-se que exista um trabalho permanente em relação à
sexualidade nas escolas especiais, mas isso só será possível com algumas
condições. Em primeiro lugar, preparação dos professores para lidarem
com esse tema desde a formação básica. Em segundo, que a escola dê
condições a esse trabalho, por exemplo, inserindo o tema no planejamento
das aulas, oferecendo treinamentos/cursos aos professores e demais funcionários
e, o mais importante, abrindo um espaço permanente de debate
sobre sexualidade, mudando, assim, o clima escolar.
Trata-se de considerar a questão sob o ponto de vista preventivo e
não remediativo, como tem acontecido até então no cenário escolar ao
tentar evitar-se que os alunos tomem contato com o tema da sexualidade
e vivam segregados das oportunidades de relacionamento amoroso e
sexual e, assim, não apresentem “problemas”. Isso lembra a afirmação
de Glat (2005) de que na maior parte das escolas brasileiras não existem
programas de orientação e educação sexual para jovens com deficiência;
e, quando há, geralmente são trabalhos esporádicos, pontuais e não
preventivos,
surgindo a partir de algum problema na instituição.
Todas as condições que foram citadas anteriormente dariam aos
professores mais segurança para abordar com propriedade os tópicos
relacionados à sexualidade em sala de aula, cumprindo seu papel de
educadores no sentido mais amplo, que é o de preparar os alunos para
a vida em sociedade.
Paloma Pegolo de Albuquerque
Maria Amélia Almeida
- bras. Est. pedag., Brasília, v. 91, n. 228, p. 408-423, maio/ago. 2010.
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Paloma Pegolo de Albuquerque
Maria Amélia Almeida
- bras. Est. pedag., Brasília, v. 91, n. 228, p. 408-423, maio/ago. 2010.
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Paloma Pegolo de Albuquerque, doutoranda em Psicologia pela
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), trabalha com os temas:
bullying escolar, deficiência intelectual e sexualidade.
palomanier@yahoo.com.br
Maria Amélia Almeida, doutora em Educação Especial, é docente nos
cursos de Psicologia e Educação Especial da Universidade Federal de São
Carlos (Ufscar), atuando também como docente/pesquisadora do Programa
de Pós-Graduação em Educação Especial dessa universidade.
ameliama@terra.com.br
Recebido em 26 de agosto de 2009.
Aprovado em 15 de abril de 2010.
Sexualidade e deficiência intelectual: um curso de capacitação para professores
- bras. Est. pedag., Brasília, v. 91, n. 228, p. 408-423, maio/ago. 2010.